Uma senzala chamada Brasil!
Somos escravos legalizados, pagadores de impostos e
com título eleitoral.
Por Cláudio Schamis. 7 de
junho, 2012
Só pode ser isso. Vivemos numa senzala. Somos escravos da
nossa própria incapacidade de enxergar o óbvio ululante. Ou apenas o óbvio. Que
se enxergado já poderia ser considerado um avanço da ciência moderna. Mas não.
Somos
escravos das mentiras, faltas de decoro, desmandos dos poderosos, da
vulgaridade que se tornou nossa política e nossos políticos (de forma geral,
salvo raríssimas exceções). Somos escravos legalizados, pagadores de impostos e
com título eleitoral. Recebemos salários, alguns têm plano de saúde, graduação,
pós-graduação e até doutorado.
E
tudo isso pra que? Pra ver a história ou novela, como você preferir, se repetir
a cada eleição, sempre com o mesmo elenco, que no máximo muda de partido. Não a
sua conduta e o seu pensar.
Somos
um país desmemoriado. Será que não tivemos passado? Será que nosso passado foi
bloqueado em nossas mentes que somente um profissional fazendo uma regressão
conseguiria despertá-lo? Será também que sob hipnose conseguiríamos mudar a
nossa história futura?
A
nossa história futura deveria ser construída hoje. Teríamos que ser
visionários. Deveríamos ter a mesma preocupação em fazer um plano de
previdência privada pensando na nossa velhice, em deixar um país melhor para
nossos filhos e netos.
Não
consigo conceber certas coisas. Não consigo entender que algumas das pessoas
que organizam movimentos de protesto sejam as mesmas que na hora H, na hora do
apertar de um botão fraquejam e ponham tudo a perder.
Se
não fosse verdade alguns desses senhores de engenho não estariam na ativa
depois da primeira chibatada. Mas eles são soberanos, imortais na política,
imortais em suas falcatruas. Às vezes pegam um como bode expiatório mais como
um cala boca do que propriamente pela justiça da Justiça.
Eles
podem até falar que não estão nem aí para a opinião pública com a plena
convicção que já nas próximas eleições essa fala soará como apenas um maldito
por uma pessoa que no momento estava sob pressão. Essa certeza ninguém tira
deles. E eles estão certos.
Nós
somos os errados. Nós somos os que vivem em devaneios achando que o mundo será
melhor algum dia. Que viveremos em harmonia e que nossos representantes irão
lutar com o coração por nós. Pensando em nosso bem. Pensando em nosso estar.
Ledo engano.
A
realidade é nua e crua. Mas se quiser cozida é só pagar. E pode ser com
pacotinhos de dinheiro como fez o empresário Walter Paulo que comprou a casa de
Marconi Perillo.
Somente
na nossa senzala tupiniquim é que iríamos também ver um ex-presidente se
achando o tal, o maioral e com a desfaçatez de quem nunca se livrou do poder de
tentar dissuadir um ministro a adiar a votação do mensalão que poderia ameaçar
a continuidade da ação da quadrilha formada, regulamentada com CPF e todos os
documentos em dia. E claro com o alvará de funcionamento dado por nós.
Sinceramente,
a cada novo dia vejo ficar mais distante a nossa libertação. Estamos presos com
raízes que não nos deixam andar nem pensar. Os poucos que andam e pensam não
estão tendo a força suficiente para romper as correntes e libertar e dar o grito
de independência sem morte que muitos de nós buscamos incessantemente.
Já
assinaram uma Lei Áurea. Mas a contrapartida tem sido cara demais. Extasiante
demais. Será que se marcarmos um encontro em Berlim ou Paris podemos ter mais
sorte?
Editado
por ZeRepolho