PT, rei da autopromoção no exterior?
Prestígio de Lula no exterior contrasta com a
miséria da política, com a corrupção generalizada, a desindustrialização e a
maquiagem da pobreza no Brasil
Por Hugo Souza
14 de dezembro, 2012
Petista
coleciona prêmios de diversas instituições do exterior (Reprodução/Terra)
Nesta
quinta-feira, 14, o ex-presidente Lula recebeu na Espanha o Prêmio
Internacional Catalunha, por causa, segundo a justificativa oficial, “da
política de crescimento econômico de seu governo que colocou o Brasil à frente
da globalização, alargando a classe média e favorecendo uma divisão mais justa
da riqueza e das oportunidades”.
Foi o enésimo
prêmio recebido por Lula no exterior. Foi a enésima honraria justificada
basicamente pelos mesmos supostos prodígios do ex-presidente quando dos oito
anos que ocupou o cargo, em uma lista que vai do prêmio de “Homem do ano” do
jornal francês Le Monde ao de
“campeão” do combate à fome dado pela ONU, passando por muitas ordens do mérito
militar e muitos títulos de doutor honoris causa, isso sem contar que o
ex-presidente é uma espécie de candidato permanente ao Prêmio Nobel da Paz.
Tamanho prestígio de Lula no exterior, entretanto, talvez seja fruto mais do
eficiente marketing do PT e menos das “conquistas” do Brasil após dez anos de
gerenciamento petista — sim, porque o Brasil visto sem o filtro da propaganda
oficial é muito diferente do “país de todos”, como decreta o slogan
publicitário do governo federal.
Como
um tablet num barraco de zinco
E que país é
este? É um país afundado na miséria da política, na corrupção generalizada e no
consequente apodrecimento da democracia representativa, cujo sintoma maior são
os sucessivos recordes de abstenções nos últimos processos eleitorais; é um
país em franca desindustrialização, com a balança comercial cada vez mais
dependente das commodities do agronegócio, fazendo de nós uma espécie de
semicolônia moderna; é o país da imensa fragilidade da independência entre os
poderes, fragilidade esta escancarada pelo mensalão do PT, desde a compra de
votos em si até o acordão que até agora poupou Lula, o então chefe do executivo
corruptor, de qualquer tipo de investigação.
É o país onde
o maior indicador de melhoria da qualidade de vida que o governo consegue
apresentar é o da explosão das vendas de telefones celulares em 10, 12 ou 24
vezes sem juros, como se em algum lugar do mundo um celular no bolso
significasse mais dignidade, segurança no trabalho, nas ruas, direitos,
garantias, acesso a saúde e educação de qualidade, transporte público decente,
menos impostos ou tudo mais que o país precisa com urgência.
É mais ou
menos a mesma lógica — guardadas as devidas proporções — da substituição dos
livros escolares por tablets nas escolas que funcionam em barracos de zinco no
miserável Quênia…
A
classe média eleitoreira do PT
Na última
terça-feira, 11, em um evento na França, a presidente Dilma disse que um dos
objetivos do seu governo é transformar o Brasil em um país de classe média. Não
será difícil se o PT continuar mascarando os números do combate à pobreza, como
fez recentemente, em junho deste ano, quando determinou que a partir de então
seria de classe média a família que tivesse renda per capita mensal entre
ínfimos R$ 291,00 e modestíssimos R$ 1.019,00.
Um dos mais
retumbantes desmentidos ao slogan petista do “país de todos” e da distribuição
de renda como “nunca antes na história deste país” foi um estudo inédito do
Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-HABITAT),
divulgado em agosto deste ano, segundo o qual o Brasil é hoje o quarto país
mais desigual da pobre América Latina, aparecendo melhor colocado apenas do que
Guatemala, Honduras e Colômbia.
O jornal
britânico The Independent,
que o PT não pode acusar de “reacionário” ou “de direita” — como gosta de
fazer, da militância aos grão-duques, posando de “esquerda” que há tempos o
partido não é, se é que algum dia chegou a ser — publicou no último dia 7 de
dezembro uma reportagem sobre como a economia brasileira não cresce mais
exatamente por causa de problemas estruturais a respeito dos quais o PT, há dez
anos à frente do Executivo, dá sinais de que não vai conseguir solucionar.
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