sexta-feira, 12 de março de 2010

FORMIGAS E CIGARRAS

Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal.
O PIB brasileiro recuou 0,2% em 2009, o pior resultado desde 1992. O investimento caiu quase 10% no ano, enquanto o consumo, tanto das famílias como do governo, puxou o resultado para cima, com aumento de quase 4%. A transferência de recursos do governo e o crédito público fizeram com que a queda na atividade econômica não fosse um tsunami. O problema é que tais estímulos artificiais não são sustentáveis, e a inflação já começa a incomodar, impondo a necessidade de aumento dos juros. Além disso, os gargalos de sempre permanecem, fazendo com que nossa economia experimente apenas vôos de galinha.

Alguns dados assustam: a dívida pública já chega a R$ 1,5 trilhão; o governo apresenta déficit nominal crescente; o crédito público já representa quase a metade do total de crédito no país; o prazo médio do empréstimo para pessoa física cresce sem parar; a alavancagem dos bancos estatais está em patamares preocupantes; os desembolsos do BNDES dispararam, sendo 85% para grandes empresas; a despesa com pessoal da União subiu R$ 25 bilhões em apenas dois anos; o rombo previdenciário parece uma bomba-relógio, apesar de demografia favorável no país; a carga tributária já está em patamares escandinavos, apesar dos serviços “africanos”; a concentração da arrecadação tributária em Brasília aumenta a cada ano, matando o federalismo; e as esmolas estatais crescem a cada ano, sem uma porta de saída visível.

Uma sociedade de cigarras, sem tantas formigas para pagar a conta, acaba sempre se dando mal quando a conta chega. A realidade não pode ser ignorada por muito tempo. Crescer somente com base no crédito estatal e no consumo, sem a contrapartida de mais poupança e investimento, não é um modelo de desenvolvimento sustentável. Sem reformas estruturais, e sem uma drástica redução do governo na economia, o país estará sempre vulnerável aos choques externos. Não podemos nos deixar enganar pela aparente tranqüilidade, achando que a “marolinha” passou. O crescimento atual conta com muitos fatores artificiais e cíclicos, i.e., insustentáveis. Precisamos de mais formigas e menos cigarras.

PS: O presidente Lula, sem uma justificativa razoável, se ausentou na cerimônia em que o novo presidente do Chile assumiu o poder, enviando em seu lugar Marco Aurélio Garcia, aquele que adora o regime cubano. Resta saber se foi medo de terremoto, ou aversão à democracia estável chilena...

Fonte: http://rodrigoconstantino.blogspot.com/

Editado por ZeRepolho

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