quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Pensando com a barriga

Há mais ou menos um ano, o governo decidiu reajustar o valor do auxílio-alimentação que é pago aos servidores do Executivo federal. O tíquete da administração direta é o mais baixo da Esplanada dos Ministérios: varia de R$ 126 a R$ 161,99, dependendo do estado onde o trabalhador mora. Judiciário e Legislativo repassam a seus funcionários cerca de R$ 600 mensalmente. Os bancos públicos e as empresas estatais desembolsam um pouco mais.

Com a inclusão de R$ 950 milhões no Orçamento 2010 destinados exclusivamente ao aumento do benefício criou-se a expectativa em torno de uma portaria do Ministério do Planejamento que oficializaria o aumento. O relator-geral, deputado Geraldo Magela (PT-DF), chegou a anunciar que o texto prevendo a mudança seria publicado na derradeira edição de 2009 do Diário Oficial. Há uma espécie de contagem regressiva em curso. “Cadê o vale-coxinha?”, provoca um leitor. “Por que tanta demora? Será que o governo já gastou o dinheiro?”, especula outro. “Só porque é para o Executivo…”, lamenta um terceiro servidor.

O suspense instalado em Brasília renova o clima de disputa entres os Poderes, imprime cores de novela mexicana ao caso. O funcionalismo parece não pensar em outra coisa. Também pudera! O tíquete está congelado desde 2004. “Gostaria de ver como os números são gerados”, justifica um servidor que não concorda com o fato de os valores serem diferenciados. “A única explicação é que no Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte o disparate da comparação com o Judiciário e o Legislativo federal não é tão evidente. Em Brasília, o Executivo come no McDonald’s e o Judiciário e o Legislativo, no restaurante Francisco”, adverte um dos muitos que aguardam pela boa nova.

A decisão está tomada. O dinheiro, separado. O reajuste prometido é de 103%. Tomara que quem tem a caneta na mão faça logo o que tem de ser feito. Para que outros assuntos tomem conta da agenda. Para que a conversa não se resuma ao almoço de hoje. Luciano Pires, Ponto do Servidor, Correio Braziliense

Média do valor do tíquete alimentação para executivos da iniciativa privada

ESTADO E VALOR

Maranhão, Piauí, Tocantins, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe, Espírito Santo, Goiás, Mato grosso do Sul, Mato grosso, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul R$ 126,00

Acre, Rondônia, Amazonas, Roraima, Amapá, Pará, Ceará, Pernambuco e Bahia R$ 133,19

Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo R$ 143,19

Distrito Federal R$ 161,99

Governo dividido sobre reajuste do “vale-coxinha” Quando não concedeu o reajuste no valor do vale-alimentação no final de 2009, o governo estava seguindo uma recomendação do Planalto: a de que o assunto ainda não estava debatido e consistente para ser implantado. Havia a turma d ligada ao ministro Paulo Bernardo que acreditava que o reajuste deveria ser concedido a partir de janeiro. Gente ligada a ministra candidata Dilma Rousseff quer que este reajuste seja concedido a partir de março, isso de olho nos possíveis dividendos eleitorais. Se depender das entidades sindicais, o acordo deveria ter sido cumprido e o reajuste editado no final de dezembro do ano passado. Ao não conceder o reajuste, o governo teve o ônus do descontentamento, desta vez, muito forte de servidores federais com o “congelamento” no valor do vale-alimentação para o executivo, já que o legislativo e o judiciário pagam valores duas a quatro vezes superiores. Por enquanto nada está decidido, mas esperam-se nuvens pesadas a partir de fevereiro, quando a maioria dos ministros voltar das férias e se deparar com a insatisfação de seus servidores.

Publicado por http://www.assibge.org

Editado por ZEREPOLHO

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